Para respondermos à primeira pergunta é importante ressaltar algumas características peculiares da República Islâmica do Irã. O Estado tem se erguido como uma potência na região. Sua população é maior que a dos países árabes do Golfo somadas. Com a alta do preço do petróleo na década de 90 seus recursos financeiros são altos. E dada a ideologia extremista do regime de Teerã, a influência crescente do Estado pode causar conseqüências à estabilidade na região. Essa influência pode ser sentida em 2006, nos ataques do Hamas e Hizballah a Israel. Acredita-se que o Irã supra esses grupos com armas, treinamentos e encorajamento a ataques.
Os Shiitas no Iraque apóiam o Irã e alguns são mais fieis ao Irã do que ao seu próprio país, segundo afirmou em 2006 o então presidente egípcio Mubarak.
Então, se o Irã vier a possuir armas nucleares, teme-se que essas armas não venham a ser armas islâmicas, mas armas Shiitas. Por esses e outros motivos teme-se um Irã nuclearizado. Podemos mencionar ainda a política confrontadora do atual presidente Ahmadinejad, embora, para a maioria das teorias de relações internacionais, nenhum líder governa sozinho.
Respondendo a segunda pergunta ... o Irã conta com o apoio de praticamente todas as camadas da sociedade para desenvolver a tecnologia nuclear. Até mesmo a maioria dos intelectuais e forças políticas opositoras, que criticam a política externa da atual administração enfatizam que o Irã tem o direito soberano de desenvolver tal tecnologia. Alguns acadêmicos afirmam que o Irã estaria se armando para manter sua segurança numa estratégia de detenção, ou seja para manter sua segurança numa região já nuclearizada (referindo-se principalmente a Israel). Seja por motivos econômicos alegados, apesar de ser muito mais barato conseguir combustível de fora do que desenvolver energia nuclear, ou pela busca de prestígio nacional por parte da liderança iraniana, ou ainda por políticas domésticas e objetivos militares, o fato é que o Irã, que está se tornando uma potência na região, não concorda em encerrar suas atividades de enriquecimento de urânio, mesmo sob pressão por parte do Ocidente e do Conselho de Segurança da ONU.
E na dúvida sobre a aquisição ou não de armas de destruição em massa por parte do Irã, os Estados opositores preferirão a aplicação de sanções políticas e econômicas à invasão. O motivo é que se um Irã nuclearizado não interessa a ninguém, interessa menos ainda um Irã nuclearizado reagindo a uma invasão. Alguém pode imaginar qual seriam as conseqüências? E ao se defender, a República Islâmica do Irã não estaria fora de seu direito, pois no sistema internacional os Estados sempre protegerão sua soberania, já que dela depende sua sobrevivência.
Kátia Souto
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04/04/2010
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