O IRÃ NAS RELAÇÕES INTERNACIONAIS
No ambiente internacional, os Estados adotam posturas táticas essenciais em respostas às situações internacionais específicas. Essas posturas podem ser: o alinhamento, não-alinhamento, neutralidade, balanço de poder, acordos e todas deixam espaço para mudança.
O arcabouço histórico iraniano demonstra que a Nação não é uma exceção. Na produção de sua política externa, o Irã passou por mudanças e assumiu posturas diferentes, de acordo com os seus interesses, como qualquer outro Estado.
Interessante observar que em períodos remotos de sua história, o Irã utilizou muitas vezes a política do Jogo da terceira- Potência, quando esse tipo de tática ainda era muito pouco usado pelos países. Tal política consiste basicamente em o país se aliar a outro, ou outros que sejam neutros em suas relações internacionais e não estejam envolvidos em seus assuntos, no caso, nos assuntos do Irã. Esses países ajudam de alguma forma a suportar as pressões e influências externas.
Foi o que o Irã fez ainda no fim do primeiro século a.D., quando viu seus interesses ameaçados por um acordo entre os chineses e romanos.
Da mesma forma, no período medieval, para contrabalancear e neutralizar as pressões sobre si, articulou alianças com terceiras Potências no início dos confrontos entre Turcos e Árabes.
Quando ocorreu o confronto com as novas potências da Europa como Rússia, Grã-bretanha e França na segunda metade do séc. XVIII, o Irã se viu impossibilitado de se manter isolado do turbilhão que se formou entre essas potências. Como elas competiam entre si, o Irã foi obrigado a interagir com tais potências, ao mesmo tempo em que tentava manter sua independência e balancear as influências contenciosas.
No séc. XIX que o Irã entrou novamente no jogo da terceira-Potência para manter sua posição nos sistema internacional. Essas terceiras potências habilitariam o país a lidar com as pressões e influências das duas principais potências européias, auxiliando no processo de desenvolvimento e modernização. Os países convidados para como terceiras potências pelo Irã foram a Áustria, Bélgica, Alemanha, Suécia e Estados Unidos.
Mas, a tática não foi bem sucedida, pois Rússia e Grã Bretanha conseguiram neutralizar essa política de balanceamento, forçando o Governo Iraniano à subserviência. As fraquezas do Irã se tornavam sistêmicas e sua independência nas relações internacionais ainda não era real.
Às vésperas das duas guerras mundiais o Irã viu a urgência de declarar formalmente sua neutralidade e o não-envolvimento nos conflitos externos.
A política externa passa a ser a de estabelecimento de relações amigáveis com países independentes no governo de Reza Khan. Mas, para se livrar do domínio da Rússia e da Grã Bretanha, Khan também adota a política de balanceamento por meio do jogo da terceira -Potência. Dessa vez, aproximando-se da Alemanha e dos Estados Unidos. O Líder iraniano pensou até mesmo em um pequeno grupo regional com a finalidade de resguardar a legitimidade do regime e a posição internacional de barganha do Irã. Mas, a segunda guerra frustrou tais planos e a intenção de neutralidade do Irã foi quebrada pela invasão e intervenção militar Anglo-Russa.
O conceito de não-alinhamento surgiu durante a Guerra Fria. Defini-se por três pontos básicos: - não envolvimento em alianças militares com nenhum país, principalmente países do ocidente ou países do bloco Comunista; - agir de acordo com o seu melhor julgamento; - manter relações amigáveis com todos os países, pertencentes aos blocos militares ou não.
Mas, a política de não-alinhamento não significa inércia, inatividade e não envolvimento. Não é uma política indefinida, negativa. E baseado nisso, o Irã argumentou que para desenvolver os objetivos do movimento do não-alinhamento era essencial lutar contra a dominação das super potências, contra a agressividade imperialista, contra as forças da opressão nacional, lutar pela paz e a reordenação das relações internacionais. O Estado afirmou isso ao mesmo tempo em que queria exportar a revolução islâmica e afirmava não ter intenção de interferir nos assuntos de outros países. Paradoxal! Exportar sua ideologia e desenvolver os princípios do movimento poderia demandar de um país a interferência em assuntos alheios. Mas, era importante para o Irã revolucionário reverter sua velha dependência do Ocidente e substituí-la pela política do não-alinhamento.
Foi em 1997, com a eleição do reformista Mohammad Khatami, que o Irã começou a experimentar algumas mudanças em sua política externa. Apesar de herdar uma difícil situação doméstica com problemas econômicos e sociais, Khatami estreitou laços com vizinhos árabes no Golfo Pérsico. Restaurou relações com países europeus e com a Noruega, quebrou parte da pressão das sanções econômicas dos Estados Unidos sobre o setor vital de petróleo. Khatami incluiu empresas européias, russas e Asiáticas nos negócios do petróleo. A conclamação por parte de Khatami ao diálogo entre as diferentes religiões e culturas, o Diálogo entre as Civilizações, criou um verdadeiro e notável contraste com a imagem de um país terrorista e inamistoso.
Décadas após a revolução, um presidente iraniano declara: “tolerância e mudança de pontos de vista são frutos da riqueza cultural (...) precisamos reconhecer a oportunidade. "tolerância leva ao diálogo, e intolerância culmina em guerra”(Khatami). Esses fatos, aliados ao abandono do objetivo ideológico de exportar a revolução, fizeram da política externa do Irã uma política conciliadora e inusitada sob o Governo de Khatami.
E de conciliadora, sob a liderança de Khatami, a confrontadora sob o Governo Ahmadinejad a atual política externa do Irã atrai olhares dos mundos ocidental e oriental. É fato que não se pode fazer análise das tomadas de decisões dos Estadistas baseando-se apenas nos discursos dos mesmos. Outros fatores podem influenciar na política externa, como instituições políticas domésticas, fatores econômicos, sociais. O próprio sistema internacional e suas influências constituem um aspecto relevante, e ainda, o indivíduo, o líder ou os três níveis podem constituir variáveis determinantes na produção da política externa.
No caso do atual governo do Irã, a política externa tem sido permeada por radicalismo e pouca diplomacia. As declarações do Presidente Ahmadinejad semeiam desconfianças e incertezas no ambiente internacional, principalmente no tocante à questão nuclear. Ahmadinejad é um Estadista de estatura pequena, mas que pretende implantar grandes desígnios, tais como fomentar a revolução em todo Estado majoritariamente islâmico; encorajar forças radicais islâmicas onde quer que vivam muçulmanos; varrer Israel do mapa e acabar com toda influência ocidental no Oriente Médio. Não se deve ignorar o poder do Irã na região, que hoje é maior do que em qualquer outro tempo de sua história. O Estado tem aumentado sua influência no Iraque, Líbano, entre os Palestinos e no Afeganistão.
Mas, este ainda é um capítulo em aberto na história das Relações Internacionais da República Islâmica do Irã e que fomenta as expectativas quanto a sua conclusão.
KÁTIA SOUTO
ja que os eua tem armas de destruição em massas,pq os outros estados não podem tem,seria melhor nenhum estado ter essas armas,pois quem tem que mandar nos outros e quem não tem acha o direito de fabrica-las,pois se os eua não tivesse isso não estava acontecendo, agora no mundo, todos querendo te-las. espero no futuro melhor os homens estejam com os corações mais perto de Deus e deixe essa doutrina de lado,pois o mundo sem essas armas estariamos muito mais seguro,tantas gentes passando fome e os governantes se preoculpando em fabriçar essas armas para piorar tudo que ja existe de ruir no mundo.espero que todo sejam mais compreensivo e ajude os que precisa de educaão e saude e trabalho para serem cidadões de responsabilidade em todo mundo. luiz claudio
ResponderExcluirConcordo com você, Luiz Cláudio em tudo o que disse. Mas, infelizmente o mal já está feito. Armas e guerras são a realidade. E cada vez mais países vão querer se armar porque outros se armam. É questão de segurança, de sobrevivência e muitas vezes uma forma de barganha, de conseguirem alcançar seus interesses. Quanto aos Estados Unidos, sim eles possuem, juntamente com a Rússia, 90% do arsenal atômico do mundo. E é bom lembrar, que foram eles q lançaram as bombas de Hiroshima e Nagasaki e não os terroristas. As vezes parece que as pessoas se esquecem disso.
ResponderExcluirMas, não faz mal termos esperanças dos assuntos internacionais serem resolvidos sempre com base na diplomacia, embora isso já não seja mais possível em todas as ocasiões. Infelizmente.